Confissão do artista: “Com o tempo perdi o medo de usar as cores puras”
- G. Totoli
- 6 de dez. de 2019
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Premiado internacionalmente, Guido Totoli representou o Brasil com paisagens no Centro de Arte de Paris.
“ Sim, é mesmo com muito prazer que o italiano Guido Totoli se entrega no dia-a-dia ao ofício da criação. Há 42 anos no Brasil, seu nome é tão marcante quanto a cerâmica vibrante que assina e que, certamente, habita centenas de varandas e casas de praia e de fazenda pelo país afora. São pinhas, pratos, jarras, fruteiras, pássaros, leões, Baços, Netunos , tudo generosamente colorido à la Guido Totoli . Mas não é só a inventividade na cerâmica que povoa o imaginário desse artista. Para quem não sabe, há uma obra sua (Paisagem Campestre, óleo sobre tela) integrando o acervo do Masp, Museu de arte de São Paulo.”
“ Nasci para criar. Aos 4 anos eu já fazia cerâmica e fui aprendendo a pintar com pintores da Igreja, fazendo afrescos”, conta ele, relembrando que chegou por aqui muito jovem. “ Tinha pouco mais de 20 anos e naquela época o trabalho em cerâmica era pouco valorizado no Brasil. Então comecei a pintar, fazia naturezas mortas, mas não com o intuito de vender. Ia dando de presente a amigos, tanto que muita coisa está com colecionadores. E enquanto isso o destino ia ajudando...Sem querer passei a fazer parte de um grande grupo de artistas da época , eles todos com 50, 60 anos, em plena maturidade, e eu muito jovem. Nada menos que Volpi , Portinari, Rebolo, Pennachi, Zannini...” registra Guido. Foi também o destino que deu outro empurrãozinho: “Um belo dia fui a um leilão de arte e lá estava uma obra minha, uma daquelas que eu havia dado de presente. Resolvi então passar a pintar profissionalmente.
Mas e a cerâmica? “Foi só nos anos 70 que passei a fezer as primeiras peças, os jarros, os pratos com figuras, logo vieram os chafarizes, fontes com deuses da mitologia, os Baços, os Eolos, as Dianas Caçadoras”, diz ele passeando pelo jardim do atelier, povoado por peças emblemáticas de sua história de cerâmica.
Hoje, Guido confessa que sua rotina está irremediavelmente ligada à arte. “Não faço outra coisa, tudo que vejo é em forma de arte. Quando vou dormir, penso na criação do dia seguinte, em aprimorar aquele trabalho iniciado. Chego a ser compulsivo, quantas vezes venho à meia-noite ao ateliê... A mente é muito mais rápida que a mão, por isso essa insatisfação constatnte, mas valiosa, porque o artista satisfeito com sua obra, esse na verdade está morto”, acredita o incansável criador de vasos, pinhas, pássaros e fruteiras exuberantes....
Confissão do artista: “Com o tempo perdi o medo de usar as cores puras”
Revista Kasa Decoração e Design - 2003
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